terça-feira, 12 de junho de 2012

Meditações para um maltrapilho

(..) Confiar de forma inabalável hoje num maltrapilho é algo extraordinário, por-que em geral exige um grau de coragem que chega às raias do heroísmo. Quando asombra da cruz de Cristo recai sobre as pessoas na forma de fracassos, pesares, rejeição, abandono, desemprego, solidão, depressão, a perda de um querido; quando ficamos surdos a tudo o mais, exceto ao bramido estridente da nossa própria dor; quando o mundo ao redor repentinamente se apresenta como um lugar ameaçador e hostil, bem podemos bradar de angústia: “Como um Deus de amor permite que isso aconteça?”. E assim é lançada a semente da desconfiança, obrigando-nos a uma situação de escolha: nos afastaremos de Deus, ou nos voltaremos em direção a ele mesmo quando a escuridão o esconde de nossa visão? Escolher a luz de Deus na noite escura do desespero é um ato heróico de coragem.

(...) Quando tenho meus surtos de sinceridade, reconheço que sou um amontoado de paradoxos. Creio e duvido, encho-me de esperanças e fico desalentado, amo e odeio, fico mal quando devo me sentir bem, sinto-me culpado por não me sentir culpado. Confio e desconfio. Ajo com transparência e ainda assim embarco em dissimulações. Aristóteles afirmou que eu sou um animal racional; eu diria que sou um anjo com a incrível capacidade de armazenar vícios.
Viver pela graça implica reconhecer toda a história da minha vida, o lado iluminado e o lado obscuro. Ao admitir meu lado sombrio, aprendo sobre quem sou e sobre o que significa a graça de Deus. Como dizia Thomas Merton: SANTO NÃO É AQUELE QUE É BOM, MAS O QUE EXPERIMENTA A BONDADE DE DEUS."








Brennan Manning - Meditações para um maltrapilho.




Nenhum comentário:

Postar um comentário