
Quando o suor de sangue caiu abundantemente sobre o solo do Getsêmani, Seu clamor mais amargo começou assim: “Meu Pai”, pedindo que se fosse possível o Cálice passasse dEle; argumentava com o Pai como Seu Pai, tal como lhe chamou outra vez naquela escura e triste noite. Aqui Ele diz outra vez, nesta primeira frase das sete que pronunciou quando expirava: “Pai”. Oh! Que o Espírito que nos faz clamar: “Abba, Pai,” nunca deixe de operar em nós! Nós jamais seremos levados a escravidão espiritual por Sua operação: “Se és Filho de Deus”, se o tentador nos assedia, podemos triunfar como o fez Jesus faminto no deserto.
Que o Espírito que clama: “Abba, Pai!”, expulse todo medo incrédulo. Quando somos disciplinados, como temos de ser (porque que filho há a quem o pai não disciplina?), que possamos estar em amorosa sujeição ao Pai de nossos espíritos, e viver, sem nunca nos tornarmos cativos de um espírito de servidão, para duvidar do amor do nosso Pai misericordioso, ou duvidar de nossa adoção.
Mas notável porém, é o fato de que a oração de nosso Senhor a Seu Pai não pedia nada para si mesmo. É certo que na cruz Ele continuou orando por si mesmo, e que Sua palavra de lamento: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”, mostra a personalidade de Sua oração; mas a primeira das sete grandiosas frases pronunciadas na cruz não tem sequer uma escassa referência indireta a Si mesmo. Ele disse: “Pai, perdoa-lhes.” A petição é inteiramente para os outros, e embora se ache uma alusão as atrocidades que lhe estavam impondo, no entanto, você notará que Ele não diz: “Eu os perdôo” – não podemos perder de vista aqui o fato de que em Sua mente o Mal que estava sendo feito era ao Pai, o insulto que estavam lançando sobre o Pai na Pessoa de Seu Filho; ou seja, não pensava em si mesmo nem nisso. O clamor: “Pai, perdoa-lhes” é completamente desinteressado. Ele mesmo é na oração como se não fosse, tão completa é sua aniquilação que perde de vista a Sua pessoa e Sua aflição.
* excerto do sermão: O primeiro clamor da cruz _ CH Spurgeon
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